Foi em 1983, eu morava em São Bernardo e trabalhava no Cambuci. Comprei meu primeiro carro, um fusca 1961 de um colega de trabalho.
O fusquinha era vermelho tinto, com peças cromadas,
rádio original que não tocava e uma bateria de seis volts.
Meu relacionamento com ele foi sempre muito tenso, um
choque de gerações. Eu era um motorista novo com os meus 27 anos e ele um
senhor traquejado nos seus 22 anos de estrada.
Muitas coisas passamos juntos, desde uma cochilada na
Via Anchieta que quase resultou em desastre a outro quase acidente porque eu
estava tentando fazê-lo pegar no tranco. Quase descemos os dois desgovernados numa ladeira quase sem fim.
Diariamente eu acordava bem cedo para ir ao trabalho e
sempre dava carona a uma vizinha. Um dia ela apareceu com uma amiga, uma bela
morena. Eu, é claro, não neguei a carona. A morena estreou o banco
traseiro, até ali nunca ocupado.
Aventura no fusca explosivo
Quando descíamos uma rua muito comprida, elas ouviram
um barulho debaixo do carro. Bem assustada, a moça falou que
estava sentindo cheiro de queimado. Encostei o fusca, olhei embaixo
e não vi nada. Ela, resignada, mudou de lugar e ficou atrás de mim.
Mais à frente eu entrei na Via Anchieta, perto do
Sacomã. Como sempre, ela estava muito movimentada. Quando eu tentei mudar de faixa
aconteceu o estrondo. Vi pelo retrovisor a moça quase ser levantada do
banco, impulsionada pela pequena explosão.
Branca que nem um fantasma, ela gritava: Fogo!
Fogo! Parei o carro em cima da calçada, saindo fumaça
por todos os lados. Dois homens me ajudaram a apagar o fogo e a retirar o banco
traseiro quase todo tomado pelas chamas.
O incidente aconteceu porque a bateria ficava debaixo do banco, bem onde a moça havia sentado; seu peso fez a mola resvalar nos polos da bateria e causar a explosão.
Passado o susto, comprei outra bateria e
continuamos a viagem, mas sem a moça, que preferiu ir de ônibus.
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